Um ato inesperado fez com que algumas patentes caíssem em domínio público

Liminar do Ministro Dias Toffoli gerou polêmicas (Imagem: Pixabay)

No começo deste mês uma notícia abalou as estruturas de quem possui ou precisa requerer registro de patente para suas criações/invenções.

Uma liminar do ministro Dias Toffoli que impede prazo maior de 20 anos para patentes, entendimento referendado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), gerou uma situação inesperada, quando invenções registradas que imediatamente caíram em domínio público porque o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) demorou mais de duas décadas para analisar os pedidos. Ao menos três patentes estão nessa situação, desde que a decisão foi proferida, no dia 7 de abril.

Conforme levantamento realizado pelo escritório Montaury Pimenta, Machado & Vieira de Mello, com base nas publicações semanais do INPI, desde a liminar, 208 patentes relacionadas a produtos e processos farmacêuticos e a equipamentos ou materiais de uso em saúde foram concedidas. São os itens que estão englobados pela decisão de Toffoli, que determina prazo de 20 anos, sem extensão, às invenções analisadas pelo INPI.

A questão voltou ao Plenário do Supremo depois de impedirem a aplicação de um prazo maior para patentes – que foi estabelecido em razão da demora do INPI. Assim, os ministros vão definir um limite temporal para a decisão (modulação), ou seja, se todas as patentes em vigor há mais de 20 anos caem em domínio público ou se será feito um recorte para englobar, por exemplo, apenas a área da saúde.

Entre as três que nascem sem validade há um composto dermatológico. O pedido foi depositado no ano 2000 e concedido no dia 27 de abril. Pela regra anterior, teria validade até 2031 (21 anos de análise mais dez anos garantidos pela lei).  Agora, com prazo expirado

Outras duas são um compartimento para um produto médico e um procedimento ligado à coagulação do sangue. As demais ainda têm validade com final para 2023/2029.

Mesmo que as patentes ainda tenham um prazo de validade estendido há uma perda para as empresas que fizeram o investimento tecnológico, segundo Luiz Edgard Montaury Pimenta, presidente da Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), que participa da ação como parte interessada. “Para a empresa que fez o investimento o baque é grande”, afirma o especialista.

As empresas mantêm contratos de exploração de patentes, pelos quais recebem royalties. Nesses casos, podem ter firmado contratos até 2031 e viram o prazo final ser reduzido – o que pode até levar os contratantes a preferirem esperar o fim da patente e não pagar royalties.

Um exemplo dessa situação, que depende da modulação, é o medicamento Vonau Flash, usado no controle de náuseas e vômitos. De titularidade da Universidade de São Paulo (USP), teve o pedido de registro formalizado junto ao INPI em 2005 e concedido em 2018, após 13 anos de processo administrativo, conforme consta no voto do relator, ministro Dias Toffoli. A expectativa era de a patente valer até 2028. Agora, o prazo poderá terminar em 2025.

No Brasil, as universidades foram as maiores atingidas. Das 208 patentes reconhecidas desde a liminar, 16 são exclusivamente brasileiras (há mais uma, solicitada em parceria com os Estados Unidos). E nove são de universidades. Uma é da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A maioria das patentes atingidas é de americanos (73).

Passa a ser necessário saber quando a patente termina para criar uma fórmula de um medicamento, por exemplo. Sem a modulação, corre-se o risco de a decisão atingir todas as patentes que já foram concedidas. Isso poderia levar empresas a pedirem o ressarcimento de valores pagos pelo uso de invenções que estavam vigentes só por causa da extensão, gerando alguma confusão no mercado.

Se optarem por modular, os ministros já têm duas possibilidades apresentadas. Ambas limitam a decisão às patentes que ainda não foram concedidas, mas com a exceção de produtos da área da saúde. Uma delas derrubaria todas as patentes da área de saúde depositadas há 20 anos – cerca de 3,4 mil. A outra, apenas as que poderiam ser usadas no combate à Covid-19, que são aproximadamente nove.

Fonte: Com informações do Valor Econômico e Bonetti & Associados Consultoria Empresarial.

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